Pediu-me uma moeda, peguei-lhe na mão
E levei-o comigo ao restaurante,
Olhou p’ra tudo com um ar distante
Baixou a cabeça e olhou o chão.
Senta-te aqui, disse-lhe baixinho,
Olhou-me surpreso com um ar medroso
(Alguém o olhou com ar rancoroso!)
E lá se sentou muito de mansinho.
Olhei-o e disse: Vamos almoçar
E podes comer tudo o que quiseres.
Com a mão trémula pegou nos talheres
E ao olhar p’ra mim já estava a chorar.
Senti-me tremer, esbocei um sorriso:
Não tenhas medo, ninguém te faz mal,
Sentes-te estranho, isso é natural,
Vamos lá comer que é o que é preciso.
Olhei em redor, o ambiente era estranho,
O ar de funeral deixou-me confuso
(Será que achavam a criança um intruso
Por não fazer parte daquele rebanho?)
Com um gesto chamei alguém do balcão,
Aproximou-se então, com ar atrapalhado
O que devia ser um solícito empregado
A cumprir garboso a sua função.
“Mas o senhor quer mesmo que ele coma?”
(Manter a calma não sei se consigo)
Porque é que acha que o trouxe comigo,
Ou p’ra comer aqui é preciso diploma?
Escolhida a comida, as bebidas também
Lá nos serviram, talvez a contragosto,
A carne era tenra e tinha bom gosto
Afinal, os dois, comemos mesmo bem.
Saímos a porta, olhou-me e sorriu,
Talvez não fosse, mas parecia feliz,
Senti-me mais pequeno que aquele petiz
Ao dar-lhe a moeda que antes me pediu.
E sinto-me feliz, porque afinal
Fui eu que recebi um presente de luz,
Tive à minha mesa o Menino Jesus
Num maravilhoso almoço de Natal.
2021-12-15
Nogueira Pardal
1 comentário:
Grato e obrigado
Que bela mensagens mesmo para os Homens-Bons.
Continuando a construir um Mundo melhor - a tarefa de hoje e amanhã para que Natal seja todo o dia
Maia
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