11 de março de 2020

Editorial do Boletim nº 40 de "O Pharol"

Os 3 monumentos de Cacilhas


Para quem, nos dias de hoje, decide visitar Cacilhas atravessando o Tejo de cacilheiro na demanda de um bom repasto, já não encontrará nenhum dos saudosos restaurantes que, ao longo de várias décadas até 1970, se situavam ao longo do primeiro troço do Cais do Ginjal.

Porém, deparar-se-á, logo após desembarcar no cais, com a generosa oferta de restaurantes, muitos deles com esplanadas prazenteiras, que se situam desde o “Largo de Cacilhas”, Rua Cândido dos Reis e ainda Rua Comandante António Feio, onde pode saborear uma múltipla oferta gastronómica com especialidades locais e comida tradicional.

Mas o se o visitante para além do intento gastronómico, procurar alargar a sua curiosidade e interesse de melhor conhecer a localidade de Cacilhas, o que é que “Cacilhas” tem para lhe mostrar e observar, para além das excelentes vistas panorâmicas sobre Lisboa?
A informação que previamente recolheu ou lhe pode ser prestada localmente, sobre locais a visitar em Cacilhas, incluirá:
                
 Chafariz de Cacilhas  
 Farol de Cacilhas  
 Fragata D. Fernando II e Glória  
 Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso  
 Moinho em Cacilhas  
 Submarino "Barracuda" 

Raramente são referenciados a “Vela Latina” e o “Burro de Cacilhas”, os quais conjuntamente com o Chafariz de Cacilhas, são considerados os “3 monumentos” de Cacilhas, aos quais dedicamos este editorial.

A “Vela Latina” está localizada mesmo defronte do cais de Cacilhas, como que a dar as boas vindas aos viandantes acabados de desembarcar.
Trata-se de uma enorme vela em aço, a fazer lembrar uma vela de fragata do Tejo, com as frases de boas vindas coladas e assente num cubo de pedra inclinado. É da autoria do Arquitecto Jorge Machado Dias e foi inaugurada em Novembro (Dezembro?) de 1992.
Conforme a imagem que se apresenta, pode-se constatar o estado péssimo de conservação em que se encontra com uma face do cubo desaparecida (permitindo acumulação de lixo no interior da estrutura do cubo), e outras deterioradas com graffitis.




As velas em chapa de aço, apresentam sinais de desgaste e amolgamentos, fruto dos quase 30 anos de vida...





No que respeita ao monumento “Burro” de Cacilhas, como é popularmente conhecido, tem a designação oficial de "Primeiro as Crianças".

Trata-se de uma escultura feita em bronze, aço e inox, da autoria de Jorge Pé - Curto, que propõe perpectuar o surgimento do parque infantil, (daí o escorrega com 3 crianças) evocando também outro elemento que faz parte da memória colectiva de Cacilhas: o burro

Está localizado num espaço de recanto na Rua Comandante António Feio, Cacilhas

A data da sua inauguração teve lugar em 4 de Novembro de 2001.

Conforme a imagem que se apresenta, pode-se observar o seu péssimo estado de conservação, repleto de graffitis e com pedaços da sua estrutura, soltos, partidos ou desconjuntados.
Encontra-se há longo tempo rodeado por malha em rede, de forma a se evitar o seu acesso por crianças ou mais “agressões” por gente mal formada e incapaz de saber respeitar e preservar o património que dignifica o local onde vive.






Em 2012, a 13 de Julho, e após estarem finalizadas as obras de requalificação da Rua Cândido dos Reis, transformando-a em zona pedonal, foi inaugurado com pompa e circunstância pela então edilidade da CMA, uma réplica natural do mítico chafariz de Cacilhas, localizado à entrada daquela rua, sensivelmente no mesmo local onde existiu o chafariz original que foi inaugurado em 1 de Novembro de 1874, pelo então presidente na altura da Câmara Municipal de Almada, Bernardo Francisco da Costa, e que foi desmantelado em finais da década de 1940.


Ao invés dos 2 monumentos cacilhenses acima mencionados, o (novo) chafariz de Cacilhas, encontra-se, volvidos 7 anos da sua inauguração, em estado impecável, como se tivesse sido recentemente inaugurado, limpo, sem graffitis ou outras mazelas.






Decerto que sobre os 2 monumentos mencionados, a “Vela Latina” e o “Burro” de Cacilhas, os nossos responsáveis autárquicos acompanham as nossas preocupações e lamentos e em oportunidade serão feitas as respectivas intervenções de restauro, provavelmente enquadradas em intervenções mais alargadas que se projectam fazer no Largo e envolventes de Cacilhas.

Quanto ao chafariz, e o seu excelente estado de conservação bem se pode dizer, nos tempos que correm, tratar-se de um milagre, e porque não dizê-lo, do segundo milagre de Cacilhas, depois do milagre de 1 de Novembro de 1755, que Cacilhas comemora anualmente...


Um cumprimento ao leitor.

Luis Bayó Veiga