29 de março de 2021

PANDEMIAS: Do passado ao presente

 Alexandre Flores

Quando o mundo se confronta com a ameaça da Covid-19, convém recordar o paradigma das epidemias vividas no passado. Desde que há memória, a humanidade esteve sempre no combate a contágios. Na Antiguidade Clássica, no tempo de Homero (850 a.C.) houve uma pandemia. No século V, ocorreu outra, em Constantinopla, em que morreram cinco a dez mil pessoas por dia. Além da Peste Negra de 1348, que matou um terço da população europeia, ou a de Milão, em 1639, que levou consigo metade dos habitantes da cidade, muitas e muitas outras foram as pestilências que deixaram o seu rasto ao longo dos tempos. Na memória familiar de muitos está ainda o flagelo da Pneumónica que, em 1918-1919, ceifou dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo e, em Portugal, cerca de cento e quarenta mil pessoas.

Tal como na Pneumónica, os efeitos da Covid-19 têm provocado, desde Março de 2020, resultados mais ou menos trágicos, quer pelas vítimas directas da pandemia, quer pelas graves consequências económicas e sociais nos países em geral, originando situações de sofrimento das famílias, de paralisia de empresas, de desemprego… Tudo tem sido estranho, confuso, nos nossos dias. Tudo foi inesperado. O invisível, infinitamente minúsculo, impôs-se como elemento biológico que destrói a própria vida. Não obstante os esforços dos profissionais de saúde e as medidas sanitárias de confinamento, a realidade tem sido dura e paradoxal.

Felizmente, a vacinação contra o vírus, desde os finais de Dezembro de 2020, trouxe alguma esperança na luta que ainda será necessário continuar a travar.

Quando se fala em pandemias, desde a Antiguidade Clássica, parece existir, em grande parte, o paradigma de ser uma doença desconhecida, sem aviso pré-aviso. Uma coisa é certa: os anos de 2020 e 2021 ficarão para a história. E não pelas melhores razões.

Vamos ter esperança e acreditar nos novos tempos… Que o mundo volte a trazer a tranquilidade, a solidariedade, o respeito e amor pelos outros, a necessidade de acção conjunta na concretização de objectivos comuns de saúde, justiça e paz por todos os povos. 

 

Imagem: Luís Forra/Lusa

 

24 de março de 2021

Boletim "O Pharol"

Pode consultar o boletim "O PHAROL" no quiosque "DÁ CÁ CILHAS" no cais de Cacilhas junto aos Barcos para Lisboa.


 

22 de março de 2021

Falecimento Jorge Gomes Fernandes

 

Jorge Gomes Fernandes, cacilhense e sócio fundador de "O Farol", faleceu no passado dia 6 de Março em Oliveira do Hospital, onde foi sepultado no dia 7.

A nossa comunidade perde assim um cidadão empenhado na defesa do património e história de Cacilhas.

"O Farol" perdeu um companheiro que sempre participou activamente em muitas iniciativas e eventos.

À família enlutada apresentamos os nossos sentimentos.

Para o recordarmos fique com a sua biografia do livro "Personalidades Cacilhenses" (1997) de Henrique Mota.

 

Jorge Gomes Fernandes nasceu em Cacilhas em 21 (legal a 24) de Dezembro de 1930. Filho de Virgílio Martins Fernandes e de Maria Isabel Gomes Fernandes. Pai de Paulo e Pedro Alexandre. Estado civil: viúvo.

Não é fácil, provar na totalidade, os factos de um currículo completo, pela dispersão no espaço e no tempo, quando extra-oficiais e sem aprovação das autoridades de então; desde os treze anos aos vinte, foi Aprendiz, Encadernador, Cortador, Electricista, Logista e Vendedor.

Durante esse tempo, foi bibliotecário da Cooperativa Piedense, onde fez parte de um grupo de alfabetização de adultos.

Depois, jogou as Damas com sucesso.

Hoje talvez seja o maior criador de problemas, damistas em quantidade e qualidade. Em Almada foi adversário e amigo de João Jurado, A. Santos Matias, Raimundo Fernandes, Medalha, etc. Ganhou os dois primeiros campeonatos de Almada e foi o primeiro campeão distrital. Escreveu grande quantidade de artigos sobre este jogo. Em 1968, era imbatível, vencendo os campeões de Lisboa e Porto. Em 1983, tendo retomado às lides, só perdeu com o Campeão Nacional Absoluto.

Acabado o curso nocturno de serralharia, na Fonseca Benevides, e após o serviço militar, esteve nas "altas frequências", nos Correios. E, a seguir, 28 anos "informático" na Bull, ligado desde as primeiras gerações aos computadores.

Com o 25 de Abril, pode fazer o ad-hoc, e licenciou-se em Filosofia, com elevada nota.

Passou a dar aulas, e foi escrevendo artigos sobre etimologias toponímicas, e outros artigos, que foi publicando em vários jornais e revistas.

Em 1993, intensificou seus contactos com Almada, mas aguardou ter tempo para acabar um livro sobre pesquisas etimológicas de Almada.

Logo se tornou sócio fundador da SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada, com a qual, liberalmente, colabora.

Habilitações académicas: Licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa.

Curso de Formação de Professores (Sociologia e Psicologia) na Faculdade de Psicologia e Pedagogia (formação e estágio). 2 anos com equivalência para o Mestrado.

É agora aposentado de Professor Efectivo do Quadro.

Classificado em 2.º lugar no concurso de Quadras Populares das Festas de Almada de 1966, escreveu o seguinte:

-Divulgações sobre a origem etimológica do nome de Almada. Livro inacabado. Mas foi origem as suas teses sobre Almada ser, primeiro, o nome de toda a região (Um Éden: Bíblico AI + Ma + Áden. A primeira principal terra (Cacilhas) era a "Fortaleza da Região Almada", nome que, depois, o "sítio à volta da Câmara de Almada" se apropriou ao desenvolver-se, talvez a partir dos começos da Nacionalidade.

Tem edições restritas, já registadas, esperando apoios das autarquias locais para edições impressas.

- A Outra Face (Filósofos gregos): Filosofia com sonetos para cada filósofo tratado.

- A Viagem de Ulisses aos Açores: Estudo ficção da passagem do Odisseu por Lisboa (a Feácia).

- Cacilhas - origem do topónimo: Pesquisas sobre a origem do nome de Cacilhas -Terra dos Pontaletes, ou dos Burros.

- Cacilhas - Lendas e História: A História de Cacilhas em poemas.

- Leste em Almada: Versão modificada para concurso da Biblioteca da C. M. Almada.

- Santa Maria do Castelo: Análise crítica, sobre a Igreja dentro/fora do Castelo. Solução pela existência de o "Castelo de Almada" nos Velhos Paços do Concelho.

- Uma Outra Almada: Tese lida no II.º Congresso de Estudos sobre Almada, organizado pela. C. M. A., no Solar dos Zagallos, na Sobreda.

- Afinal Colón era Judeu? Prova-se pela etimologia a sua relação com os judeus.

- A vida de Cristóbal Colón. Tería Colón, o Cristão Novo nascido em Portugal?

Livro em preparação, sobre a vinda da Flandres, para Portugal, dos ascendentes do navegador.

Escreveu ainda sobre étimos:

- A Etimologia do topónimo Almada. Artigo publicado no Sul Expresso

- A Etimologia do topónimo Lisboa. Nova e original do hebraico ºaLis Bona (a Cidade Feliz).

 

18 de março de 2021

Assembleia Geral - Adiamento

 Caros Associados,

O Decreto n.º 4/2021 de 13 de Março, que regulamenta o estado de emergência decretado pelo Presidente da República, dá inicio ao processo de levantamento de medidas de confinamento, no entanto mantem a proibição de circulação entre concelhos aos fins de semana, dias em que normalmente realizamos as nossas reuniões. 

Assim sendo, considero que se justifica adiar a Assembleia Geral para discussão e aprovação do Relatório e Contas referentes ao ano de 2020, tendo em conta o dever geral de recolhimento domiciliário e o prejuízo que a proibição de circulação poderia determinar para a legitimidade democrática da referida Assembleia Geral.  

Assim que o processo de desconfinamento o permita, marcarei a data para a realização da Assembleia Geral para discussão aprovação do Relatório e Contas referentes ao ano de 2020 

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Rui Raposo

12 de março de 2021

Cacilhas de minha Memória

Por: Edmundo dos Santos F

 

A história da Família Santos de que vos vou falar entrelaça-se com a história de Cacilhas desde o século XVIII.  

Abordarei apenas as três últimas gerações da família.

Os meus avós, António Ribeiro dos Santos (1871-1966) e Cândida Rosa Monteiro (1886-1960), herdaram por parte dos pais de minha avó - meus bisavós (?1844-1940) - um negócio de gado, abate, transformação e comercialização dos respetivos produtos.

Para a época os meus avós eram pessoas com uma visão de modernização em relação à atividade comercial e industrial o que os levou a expandir o negócio adquirindo uma propriedade na Charneca de Caparica onde mantinham em pastagem, todo o ano, o gado adquirido nas feiras por todo o país e que viria a ser comercializado no estabelecimento em Cacilhas, na Rua Cândido dos Reis.

Mais tarde, já no do século XX, adquiriram um prédio de três pisos do lado direito da mesma rua.

Nesse prédio - ainda hoje existente com o número 70 e composto de estabelecimento e dois andares de habitação - viveram quatro gerações até aos anos setenta do século XX.

A visão de modernização que os meus avós partilhavam levou-os expandir o negócio para outras áreas.

Outros empreendimentos atraíram a criatividade do casal como a participação no negócio de transporte fluvial de passageiros em barcos a motor entre as margens do Tejo e numa fábrica de transformação de cortiça na Margueira, atualmente ocupada por um empreendimento urbanístico.

 

António Ribeiro dos Santos com algumas funcionárias da corticeira

Também, nas instalações espaçosas nas traseiras do estabelecimento de transformação de carnes, criaram além da tradicional salchicharia e respetivo fumeiro, uma fábrica de gelo, que na época foi uma grande novidade, muito útil para conservação de alimentos e procurada por industriais, particulares e restaurantes. 

Uma vez criada a indústria do frio, o que mais faltava? A criação dos primeiros sorvetes comercializados na rua em carrinhos a pedais. Mais outra novidade para a época (cerca de 1930). O êxito da venda dos sorvetes estendeu-se a Almada e Cova da Piedade.

A história da Família Santos chega até aos nossos dias com alguns factos interessantes ligados à história e evolução de Cacilhas. Numa próxima oportunidade poderei acrescentar alguns episódios mais.  

 

Atual nr. 70, R Cândido dos Reis