1 de julho de 2024

Manuel Cargaleiro

 

MANUEL CARGALEIRO  (1927 - 2024)

 Pintor e ceramista português, nasceu a 16 de Março de 1927, em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão. Filho de Manuel Cargaleiro gestor e dirigente agrícola, tendo sido presidente do Grémio da Lavoura de Almada e Seixal, e mais tarde o primeiro provedor da Santa Casa da Misericórdia do Seixal, e de Dona Ermelinda Nunes Cargaleiro. Manuel Cargaleiro, veio residir com seus pais, com ano e meio de idade, para a Quinta da Silveira de Baixo, no Monte da Caparica, em Almada. Em 1939, iniciou os estudos no Instituto Secundário de Lisboa, chegando a trabalhar num banco, ao mesmo tempo que frequentava as aulas livres da Academia de Belas-Artes e o atelier de olaria de José Trindade, na Caparica, onde faz as primeiras experiências na cerâmica, em 1945.

Passado um ano, Manuel Cargaleiro inscreve-se na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e iniciou a actividade de ceramista, na Fábrica Santana, em Lisboa, e em Dezembro de 1949 participou, pela primeira vez, numa exposição colectiva de Cerâmica Moderna, no então Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI), no Palácio Foz, em Lisboa.

No ano seguinte, organiza com a Comissão Municipal de Turismo do Concelho de Almada, o Primeiro Salão de Artes Plásticas da Caparica, em Almada. Em 1951, participa na Segunda Exposição de Cerâmica Moderna, onde obtém uma menção honrosa.

Manuel Cargaleiro faz a sua primeira exposição individual, em 1952, realizada na Sala de Exposições do SNI. Discípulo do pintor-ceramista Jorge Barradas, em 1954 recebeu o Prémio Sebastião de Almeida em cerâmica, e foi integrado na Escola de Artes Decorativas António Arroios, como professor da modalidade. Nesse mesmo ano, conhece a pintora Vieira da Silva e Arpad Szènes, de quem se veio a tornar amigo e companheiro de muitos anos.

Em 1957, recebeu uma bolsa do Governo Italiano e foi estudar a arte da cerâmica em Faenza, Roma e Florença. Durante o ano de 1959 adquiriu um atelier em Paris, onde fixou residência. Em Janeiro de 1960, participa na I Exposição Ilustrada do "Grupo Dragão Vermelho", em Almada, evento cultural arrojado para a época, trazendo a simbiose entre a arte e a poesia.

A sua obra dispersa-se pela cerâmica, pintura, gravura, guache, tapeçaria e desenho, tendo trabalhos seus em vários pontos do país e estrangeiro, sendo a cidade Almada possuidora de vários trabalhos como o valioso painel de azulejos (1956) no Jardim Municipal de Almada Dr. Alberto Araújo.

Em 21 de Maio de 1989, foi no inaugurado um monumento a Manuel Cargaleiro no Largo de Dr. António Gonçalves, em Vila Velha de Rodão, composto do busto da autoria do escultor Francisco Simões e painéis da autoria de Cargaleiro..

Detentor de várias condecorações como: "Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada de Portugal", pelo Presidente da República, António Ramalho Eanes, em 30 de Junho de 1983; "Grau de Officier des Arts et des Lettres", atribuído pelo Governo Francês, em 1984; "Grã-Cruz da Ordem do Mérito", pelo Presidente da República, Mário Soares, em 4 de Fevereiro de 1989; "Medalha de Mérito Distrital de Setúbal", atribuída no âmbito das comemorações do Dia de Portugal, em Setúbal, em 1991; "Medalha de Ouro da Câmara Municipal de Almada", em 1994; "Medalha de Honra do Seixal", em 1999; "Medalha de Ouro do Concelho de Vila Velha de Ródão", em 2014; "Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique", pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 16 de Março de 2017; "Medalha de Ouro do Concelho de Castelo Branco", em 20 de Março de 2017, "Magister di Civiltà Amalfitana", atribuído na XVII edição do “Capodanno Bizantino”, em Itália, no dia 1 de Setembro de 2017 e "Medalha de Mérito Cultural", atribuída pelo Primeiro Ministro António Costa e pela ministra da Cultura Graça Fonseca, em Paris, 2019. Em 22 de Julho, recebe o doutoramento Honoris Causa, atribuído pela Universidade da Beira Interior. Medalha de Honra da Cidade de Lisboa, em 14 de Novembro de 2022 e Condecorado o Grã Cruz da Ordem de Camões, em 16 de Fevereiro de 2023, pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.

Em 18 de Junho de 2024, Manuel Cargaleiro recebe do Município de Vila Nova de Gaia, a Medalha Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.

Possuidor de um inúmero curriculum de exposições nacionais e internacionais e vários prémios, dos quais referimos "Prémio Scalano" instituído pela SCALA – Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada (2000); "Prémio Projecto Internacional Museus/Fundações Manuel Cargaleiro, em Portugal e na Itália, pela APOM – Associação Portuguesa de Museologia, em 2012 e "Prémio Obra de Vida. de 2014", do projeto SOS Azulejo, dedicado à salvaguarda e valorização do património azulejar português e coordenado pelo Museu da Polícia Judiciária.

Homenageado por várias vezes, o seu nome está ligado ao ensino como patrono da "Escola Secundária Manuel Cargaleiro", localizada no concelho do Seixal, onde também existe um espaço museológico dedicado à divulgação da sua vida e obra. Encontrando-se em exposição permanente no Museu Cargaleiro (Castelo Branco), onde se encontra o espólio da Fundação Manuel Cargaleiro.

Grande ser Humano e Solidário, testemunhou: "Há pintores que só gostam da pintura deles; eu gosto da pintura dos outros”.

Manuel Cargaleiro faleceu no dia 30 de Junho de 2024, na sua residência em Lisboa, "tranquilo e rodeado pelos seus, e adormeceu", como afirmou a sua companheira Isabel Brito da Mana.

O seu falecimento foi manchete na imprensa escrita e falada nacional e internacional.

 Artur Vaz

8 de maio de 2024

“Do Castelo ao Chafariz, passeando por Alfama”

 FNAC Chiado - 15 de Maio, 18h

 
Ao longo de um roteiro iconográfico, legendado e musicado, cronologicamente abrangendo o período desde o início do séc. XIX até meados da década de 60, propõe-se, com início no Chão da Feira, junto ao Castelo, percorrendo o velhinho Bairro de Alfama, através dos seus sinuosos becos e travessas, escadas e escadinhas, com curiosas toponímias ancestrais, à descoberta dos seus cantos e recantos, arcos e pátios antigos que ainda existem por toda a Alfama. Procura-se ainda dar a conhecer, os seus miradouros, palácios e mansões fidalgas, igrejas e capelinhas, e também seus costumes e vivências, tradições e lendas, os seus chafarizes por onde ainda correm as águas livres de Alfama e o que mais se verá... Após quase uma hora de “passeio”, terminamos este nosso itinerário no Largo do Chafariz de Dentro, a principal porta de entrada do velhinho e encantador Bairro de Alfama... 
 
Luís Bayó Veiga / Modesto Viegas

24 de abril de 2024

25 de Abril

Em Memória de Maria Rosa Colaço, nossa sócia fundadora, poeta professora e amiga, com a enorme saudade dos seus alunos e das famílias de Cacilhas. SEMPRE VIVA NA NOSSA MEMÓRIA!!!

 

(Poema feito no dia 25/4/1974 na cidade da Beira, Moçambique)

Ao primeiro minuto deste dia
eu maria rosa poeta-professora e
mulher confiante
aqui estou de pé contra a noite
para escrever as letras claras do teu
rosto LIBERDADE

Ao segundo minuto deste dia
não sei de outra alegria melhor
que repetir esta palavra
desaprendida
LIBERDADE

E ao terceiro minuto deste dia
eu maria rosa criança por dentro e
mulher de sorriso triste
vencendo e silêncio o medo e o
terror
digo ainda uma vez mais as tuas
letras brancas
LIBERDADE

Porque é preciso que por muito
repetido o teu nome LIBERDADE
seja comece a ser a palavra
quotidiana do coração dos homens
Porque desejo que os soldados que
amanhã desfilarão na marcha do
dever sejam surpreendidos com o
som novo desta palavra e a
pendurem no cano das espingardas;

Porque quero que o moleque que
noite ainda vai comprar o pão que
comes a pressinta branda
e lhe seja a primeira estrela da
manhã
porque é necessário
urgentemente necessário
que a partir de agora
em ti repare  
o capataz e o homem das laranjas
e menino da escola o rapaz das
cautelas
a manana e o director                         

 e o inspector
e o servente
e a cigarra e a formiga
e o médico e a enfermeira
e o padre e a beata
e o carcereiro e o ferido
e os humilhados e os ofendidos

Porque é preciso LIBERDADE
que o teu nome
a partir de agora
se espalhe pelas quatro pontas da
rosa dos ventos e atravesse mares e
fronteiras
e as sete cores do arco-íris
e fique suspensa nos olhos
nos lábios no coração de quem se
encontra

e porque é preciso que todos saibam
que todos vejam
que todos digam que todos
aprendam e respeitam e se não
esqueçam
que o teu nome tem
nove letras
nove letras poderosas
que se lêem LIBERDADE
que se escrevem LIBERDADE
que se cantam LIBERDADE

que se gritam LIBERDADE

Aos dez minutos deste dia
dia vinte e seis de Abril de mil
novecentos e setenta e quatro
de pé contra a noite do meu país
eu digo pela primeira vez sem olhar
em volta
esta palavra
eu oiço-me nestas sílabas
eu bebo estas letras como um vinho
novo
De pé contra o medo
e por ti
aqui estão as mulheres traídas


 

18 de abril de 2024

Faleceu António Policarpo

 

 
É com grande tristeza que recebemos a notícia do óbito do senhor António Policarpo.
 
Colaborou connosco desde a fundação de “O Farol”, era um ser humano excepcional movido por um grande altruísmo. Perdemos um amigo.
Sempre disponível para investigar e partilhar tudo o que dizia respeito ao Concelho de Almada, às nossas origens, património e cultura.
Deu a sua contribuição à nossa revista “O PHAROL”, onde publicou muitos artigos em que nos deixou um contributo importante sobre o nosso percurso histórico e identidade.

À família enlutada apresentamos as nossas condolências.

O velório terá lugar no próximo sábado dia 20 a partir das 11h na Igreja da Cova da Piedade. O funeral sairá pelas 14h para o cemitério da Quinta do Conde onde será cremado.

A Direcção de O Farol - Associação de Cidadania de Cacilhas

12 de abril de 2024

Elias Garcia - Busto vandalizado

 

Têm sido muito numerosos os moradores de Cacilhas que se têm manifestado contra o acto de vandalismo de foi alvo o busto de José Elias Garcia, uma das mais insignes personalidades almadenses.

Ao longo de mais de cem anos tem vindo a ser recordado e homenageado, não só pela população local, como por importantes personalidades nacionais, que se deslocaram junto ao local onde nasceu para lhe prestarem testemunho.

Nos últimos 20 anos, a associação “O Farol” e a Junta de Freguesias de Cacilhas, agora integrada na União de Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, têm vindo a prestar homenagem junto a este busto, no local onde nasceu em 30 de Dezembro de 1830

Fica um sentimento de repudio e revolta contra quem comete estas barbaridades contra a dignidade, a história, a memória e o património da nossa comunidade.

Esperemos que os danos sejam reparados.

A nossa associação junta a sua voz a todos os almadenses que têm manifestado o seu desagrado pelo acontecido.