22 de maio de 2021

25 DE ABRIL DE 2021 - Nogueira Pardal

Sentado à mesa tosca onde me invento

Em poemas de raiva ou de alegria,

De amor, de paz e luta ou de saudade,

A mesa onde afinal só me alimento

Dos sonhos que às vezes, por magia,

Parecem mesmo ser a realidade.

 

Os sonhos que afinal foram reais

Naquela manhã de Abril abençoada

Quando a pomba da paz veio nos canhões,

As balas eram cravos naturais,

E a tropa que chegou de madrugada

Acendeu a luz nos nossos corações.

 

A liberdade era agora uma rainha,

O tirano estava morto às mãos do povo

Que o matara com poemas e canções.

A ditadura agonizava triste e sozinha

E nem lhe valiam já as orações

Dos que, de sotaina, viviam de traições.

 

Encheram-se as ruas do país,

O povo ergueu os braços a cantou:

Agora é mesmo tempo de sonhar,

O dia de amanhã será feliz,

Morreu o ódio que por aqui andou

E até aos tiranos vamos perdoar.

 

Como diz a canção “é festa pá”

Só que, não podemos festejar

Porque outra ditadura, a pandemia,

Resolveu, em má hora, vir p’ra cá.

Mas também esta, vamos derrubar

E p’ro ano festa rija e alegria.

 

Nogueira Pardal