25 de abril de 2020

Abril vinte vinte


Trago um cravo em isolamento
Que canta e sangra por dentro
Na pedra preciosa da memória
Gravo a letra de um pedaço de história

O abraço fraterno
aguarda o momento,
a grade quebrada
abandonada ao vento,
a porta escancarada
tem de estar fechada,
 a festa celebrada
a sós em casa.

O beijo simples e terno
uma imagem na mente,
a  beleza desalmada
escondida numa máscara,
a  palavra desbocada
ao papel confinada.

Sinto hoje Abril
Como nunca senti.
Hoje vivo a revolução
Como nunca vivi.

Quando a liberdade
Nos pede confinamento
É um povo inteiro
Que luta por dentro. 

António Boieiro
25042020

24 de abril de 2020