2 de janeiro de 2024

FERNANDO BARÃO - A voz perene. (por Artur Vaz)

 

Fernando Barão, pertence a uma geração de cacilhenses de ímpar amplitude cívica e um dos mais activos na participação da sua comunidade.

Possuidor de uma memória extraordinária, desloquei-me, nos anos oitenta, ao seu estabelecimento comercial, com o intuito de me fornecer elementos sobre a campanha eleitoral do general Humberto Delgado, em Almada. 

Conhecedor dos movimentos oposicionistas à ditadura, logo começou a retratar numa linguagem invulgar, aquilo que para mim se veio a   tornar de imediato, numa extraordinária página de história local.

O Mestre Fernando Barão, iria imortalizar alguns dos seus bons contos na sua primeira obra “Estórias de Almada Antiga”, numa narrativa simples onde se nota de forma inquestionável, a arte de bem escrever e de contar histórias, conseguindo captar o leitor.

Registe-se que o seu vasto legado literário - tanto na prosa como na poesia – conquista-nos pelo fulgor da sua inteligência na focagem de qualquer assunto, cuja mestria nos faz viciar.

Foi um escritor que sentiu o que pensava, acreditou naquilo que pensou e escreveu sempre direito – sem se deixar calar!

Outra faceta de Fernando Barão, é o associativismo. Defensor de tão nobre causa, organiza em plena ditadura o Primeiro Congresso das Colectividades do Concelho de Almada e em simultâneo o colóquio "Os Problemas da Juventude" os quais vieram a ter repercussão de âmbito nacional, e problemas políticos 

Associado e dirigente de associações desportistas, cívicas e culturais, sempre se pautou pela resolução das dificuldades que brotam no seu seio, focando o papel importante do poder central, antes e depois de Abril.

Fernando Barão, foi também permanente observador da escassez de condições sociais, razão pela qual teve responsabilidades como Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Almada, entre os anos 1974 a 1986.

Por deliberação de 6 de Junho de 1994, foi distinguido pela Câmara Municipal de Almada com a Medalha de Ouro de Mérito Cultural, pela sua dedicação em prol da cultura

Resta-nos concluir, que esta sincera homenagem evocativa no “Centenário do seu Nascimento” fica muito aquém da dimensão do seu perfil humanista.

Contudo, é imperioso afirmar que a Memória da Nossa Almada – Cidade Cinquentenária – , também se faz com a Vida e Obra de Fernando Barão, que está perpetuado na "Galeria dos Bons Filhos Almadenses".

 ARTUR VAZ

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