Por: Edmundo dos Santos F
UMA FAMÍLIA MUSICAL
A geração seguinte, filhos da avó Cândida Rosa e do avô Ribeiro dos Santos ‑ o casal de entusiastas empreendedores cacilhenses, de que falei na publicação anterior ‑ foram uma rapariga, Delmira Mariana e um rapaz Aires Paulo…
A nossa mãe, Delmira Mariana, estudou na Escola de Belas Artes, pintura a óleo e baixo relevo, falava fluentemente francês, tocava piano e tocava órgão na Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Cacilhas. O seu irmão e nosso tio Aires Paulo, que foi quadro superior do Banco Espírito Santo, distinguiu-se também a cantar no naipe de tenor lírico.
Contavam-nos que aos fins de semana a família se reunia para tardes musicais em que a mãe tocava piano ou órgão, o pai tocava viola ou ferrinhos, o tio Aires Paulo, o tenor, cantava, o avô António Ribeiro dos Santos tocava viola, a avó Cândida Rosa cantava em soprano e o Raúl, o primo da avó, tocava flauta e ocarina. A nossa mãe dizia que no passeio em frente havia sempre ouvintes encantados que até aplaudiam este concerto familiar.
Provavelmente, devido a este sucesso, foram convidados a tocar e cantar no Jardim do Castelo, junto à Igreja Paroquial de Santiago, em Almada, graciosamente. Não sabemos durante quanto tempo duraram essas manifestações musicais. Não tive o privilégio de desfrutar desses encontros. O nosso irmão Ildo, hoje com 90 anos, assistiu a eles e recorda o entusiasmo com que esses concertos eram recebidos por quantos se juntavam à volta do coreto.
Entre os ouvintes e apreciadores da música estava uma professora, a D. Margarida, proprietária do palacete do lado oriental do jardim do Castelo. Tendo estabelecido amizade com a minha mãe prontificou-se a preparar-nos em aulas particulares, a mim e ao meu irmão gémeo, Carlos, para as primeiras classes da instrução primária.
Mais tarde, viríamos a frequentar a Escola Primária Conde Ferreira na parte alta de Almada, junto ao Seminário.
Na fotografia vê-se o coreto, como hoje é e em fundo as ameias do castelo.
O coreto na atualidade. |
Haverá algum cacilhense que recorde aqueles momentos musicais e que queira participar nestas rememorações? Seria bem-vindo!
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