14 de janeiro de 2013

NOITES DO VINIL - SONS E CONVERSAS

18 de Janeiro (sexta-feira), às 21h
no Chá de Histórias
R. Cândido dos Reis, Cacilhas


O fim da segunda guerra mundial abriu caminho a um desenvolvimento económico, político, social e cultural sem precedentes na sociedade. Novas estéticas e novas teorias filosóficas e psicanalíticas influenciaram e moldaram correntes como o teatro do absurdo, o "living theatre", Becket, o "nouveau roman", o cinema underground, a "nouvelle vague", a pop art, a op art, a música concreta, o bop e o free jazz, a dança moderna, para mencionar apenas algumas. Impelidas, todas elas, pelo grande ímpeto de mudança que varria a sociedade.
É neste contexto que irá surgir, em meados de 50 nos Estados Unidos, um movimento musical designado por rock'n' roll - uma mistura de elementos do country e do rhythm 'n' blues -, cuja principal voz será a de Elvis Presley. Este movimento, por sua vez, estará na origem da eclosão doutro iniciado em Inglaterra e nos Estados Unidos em princípios de 60, cujos principais mentores serão Bob Dylan e os Beatles, e que irá produzir uma verdadeira revolução não apenas musical mas igualmente no plano das mentalidades. O rock encarnava de certo modo a rebeldia da juventude, a sua vontade de mudar costumes e ser protagonista. Em meados de 60, a mudança na sociedade era tão profunda que mal se conseguia imaginar como eram as realidades dez anos antes.
O que começou por ser uma música simples e directa, como era o rock de 50, transformou-se, em meados de 60, num fecundo caleidoscópio musical. O rock e o pop assimilaram o folk, os blues, o country, o rhythm 'n' blues, o soul, o funky, Sinatra & cª, elementos do jazz, do clássico, da música concreta e electrónica; elementos doutras culturas, como por exemplo da música latina ou indiana. Já não era de admirar se os Beatles gravavam discos com o recurso a gravações invertidas como era usado na música electrónica ou se usavam uma grande orquestra, como na sua obra-prima absoluta de 1967 que dá pelo nome de 'A Day In The Life'. O dilema clássico-popular foi ultrapassado pela sofisticação das formas e conteúdos inerentes às novas condições de produção. E isso independentemente de todo o comercialismo montado pela máquina da indústria discográfica.
Mas a grande mudança tinha começado ainda nos anos 40 no jazz com o movimento bop e Charlie Parker. Emergiram Thelonious Monk, Miles Davis, Ornette Coleman, John Coltrane. Os talentos, então, começaram a brotar: Presley, Dylan, Lennon, McCartney, Mick Jagger-Keith Richards, Tim Buckley, Lou Reed, Leonard Cohen, Van Morrison, Frank Zappa, Sandy Denny, Joni Mitchell, Ray Davies, Brian Wilson, Jimi Hendrix, Syd Barrett, Neil Young, Phil Ochs, David Bowie, Brian Eno, Brian Ferry, Robert Wyatt. Noutras latitudes surgiram Jobim e Chico Buarque, Brel e Brassens e José Afonso. Esta 'movida' global, se assim lhe quisermos chamar, apesar dos meios de expressão diferentes, é um dos mais importantes movimentos culturais e artísticos do século xx. É com o advento do rock em meados de 50 que começou a massificação da venda do disco de vinil, depois ampliada em 60. No princípio de 60 aparece o stereo e os reprodutores - os gira-discos - tornam-se mais sofisticados. Emerge uma poderosa indústria da qual o elemento nuclear é o disco de vinil. A música entrou no nosso quotidiano já não apenas através da rádio mas também através do disco de vinil, que tinha então os formatos de LP, EP e Single.

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