Por José do Carmo Francisco
No passado dia 19 de Novembro, a meio de uma manhã
ameaçadora, integrado num grupo da Associação ALDRABA, iniciei uma visita
guiada por um quarteto de luxo: Henrique Mota, Luís Bayó Veiga, Alberto Ramos e
Luís Barros. Os segundos, não sendo da Associação O Pharol, associaram-se
ao encontro e ao percurso. O grande
largo de Cacilhas, cujo nome mudou ao longo dos tempos, foi o ponto de partida
para a viagem a pé pelos restaurantes do Ginjal hoje desactivados e seguindo o
percurso pelos estaleiros navais e fábricas diversas em ruínas.
Hoje um livro como «Os tanoeiros» é muito mais do que um
testemunho – é o próprio tempo recuperado não como lembrança mas como
recordação. O Museu documentando as actividades marítimas da região ribeirinha,
foi um mergulho ma História que é sempre mais que cronologia e arrumação de
factos em gavetas. Tudo ali tem vida até as peças que parecem adormecer no pó
dos séculos. O almoço no «Horácio» foi uma festa provando que a mesa não é
apenas o espaço da refeição mas também o lugar do encontro. Seguiu-se uma
tertúlia na Incrível Almadense num espaço tipo «café-concerto» gerido pela
Associação Almada Velha. Luís Milheiro esteve presente e dialogou com o grupo.
Com Alberto Ramos na mesa foi possível relembrar Romeu Correia, o eterno
vagabundo das mãos de ouro que continua ao nosso lado mesmo quando não parece.
Não é forçada esta referência: as suas mãos fabricaram livros como os já acima
falados «Os Tanoeiros», os «Bonecos de Luz», o «Trapo Azul» ou a «Gandaia» sem
esquecer o «Desporto Rei».
Num tempo de confusões e incertezas, com o futebol a
ocupar um espaço excessivo nos jornais, na rádio e na TV, faz hoje em dia falta
um livro a avisar para o precário de tudo isso, dentro e fora do Desporto Rei.
No meu livro «As palavras em jogo» (Editora Padrões Culturais) está uma
entrevista por mim feita a Romeu Correia. Já na altura lamentei não ter
«apanhado» tudo o que o Romeu Correia foi, viveu e testemunhou. Mas era
impossível. Esta viagem do passado dia 19 de Novembro foi mais uma tentativa
para recuperar a
sua antiga memória entre o Ginjal e o Mundo.
2 comentários:
Como amiga e admiradora do nosso escritor Romeu Correia, gosto
muito desta iniciativa e das fotos !
Edite Condeixa
Foi inesquecível. Grato aos Amigos do Farol, pela partilha da sabedoria e de uma História tão envolvente.Apenas uma correcção: penso que há uma parte das fotografias da autoria de António Brito. Muita saúde e coragem aos dirigentes, para manter uma Associação incontornável, para quem respeita a identidade e gosta do Património. Abraço.
Luís Filipe Maçarico
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