Desde 1886, data em que foi colocado no Cais, que ele ganhou o carinho de toda a população local, prestando um enorme serviço à circulação entre as duas margens, trazendo a bom porto, os barcos que enfrentavam o nevoeiro, guiando-os através da neblina com a sua luz e o apitar contínuo e ritmado da sua buzina.
Não pretendemos suscitar polémicas, ou mesmo carpir mágoas pela sua partida. Mas sim contribuir para o seu regresso ao Cais de Cacilhas, local donde nunca deveria ter saído."
O Farol continua a fazer parte da cultura dos Cacilhenses, e preenche também de forma indiscutível o seu imaginário. Ilustrando essa realidade estão o poema da Idalina Alves Rebelo e o trabalho fotográfico do José Luís Guimarães, demonstrativos do carinho que também os nossos artistas lhe dedicam.
NOSSO FAROL
Desde 1866 foste tu
Ante-âmbolo da nossa infância
Mirante dos nossos sonhos
Luz guardião da esperança
Que embalou nossos anos mais risonhos
Ex-libris d’um lugar harmonioso
Lá no alto como grande e distinto senhor
Como um verde mastro elevado e orgulhoso
Te mantiveste erecto, altivo em teu labor
De cintilante brilho te revestiste
Abrindo em tua luz verde esmeralda
os caminhos do rio que te embalou
E, em ti viveu...
E um dia sem aviso
Te arrancaram p’la raiz
e o lugar, que contigo foi feliz
Assim ficou castrado e entristeceu
E a tua formosa luz se apagou
Murchou p´ra sempre
Vivendo hoje somente
Em nossa saudosa mente
Poema Inédito de AnyAna

imagem de: José Luís Guimarães