7 de fevereiro de 2012

Visita guiada a uma antiga memória de Romeu Correia

Por José do Carmo Francisco 

No passado dia 19 de Novembro, a meio de uma manhã ameaçadora, integrado num grupo da Associação ALDRABA, iniciei uma visita guiada por um quarteto de luxo: Henrique Mota, Luís Bayó Veiga, Alberto Ramos e Luís Barros. Os segundos, não sendo da Associação O Pharol,  associaram-se  ao encontro e ao percurso.  O grande largo de Cacilhas, cujo nome mudou ao longo dos tempos, foi o ponto de partida para a viagem a pé pelos restaurantes do Ginjal hoje desactivados e seguindo o percurso pelos estaleiros navais e fábricas diversas em ruínas.
Hoje um livro como «Os tanoeiros» é muito mais do que um testemunho – é o próprio tempo recuperado não como lembrança mas como recordação. O Museu documentando as actividades marítimas da região ribeirinha, foi um mergulho ma História que é sempre mais que cronologia e arrumação de factos em gavetas. Tudo ali tem vida até as peças que parecem adormecer no pó dos séculos. O almoço no «Horácio» foi uma festa provando que a mesa não é apenas o espaço da refeição mas também o lugar do encontro. Seguiu-se uma tertúlia na Incrível Almadense num espaço tipo «café-concerto» gerido pela Associação Almada Velha. Luís Milheiro esteve presente e dialogou com o grupo. Com Alberto Ramos na mesa foi possível relembrar Romeu Correia, o eterno vagabundo das mãos de ouro que continua ao nosso lado mesmo quando não parece. Não é forçada esta referência: as suas mãos fabricaram livros como os já acima falados «Os Tanoeiros», os «Bonecos de Luz», o «Trapo Azul» ou a «Gandaia» sem esquecer o «Desporto Rei».
Num tempo de confusões e incertezas, com o futebol a ocupar um espaço excessivo nos jornais, na rádio e na TV, faz hoje em dia falta um livro a avisar para o precário de tudo isso, dentro e fora do Desporto Rei. No meu livro «As palavras em jogo» (Editora Padrões Culturais) está uma entrevista por mim feita a Romeu Correia. Já na altura lamentei não ter «apanhado» tudo o que o Romeu Correia foi, viveu e testemunhou. Mas era impossível. Esta viagem do passado dia 19 de Novembro foi mais uma tentativa para recuperar a
sua antiga memória entre o Ginjal e o Mundo.  

2 comentários:

Edite Condeixa disse...

Como amiga e admiradora do nosso escritor Romeu Correia, gosto
muito desta iniciativa e das fotos !

Edite Condeixa

oasis dossonhos disse...

Foi inesquecível. Grato aos Amigos do Farol, pela partilha da sabedoria e de uma História tão envolvente.Apenas uma correcção: penso que há uma parte das fotografias da autoria de António Brito. Muita saúde e coragem aos dirigentes, para manter uma Associação incontornável, para quem respeita a identidade e gosta do Património. Abraço.
Luís Filipe Maçarico