13 de março de 2007

Praça Gil Vicente

O Repuxo foi, durante cerca de 40 anos, um ícone da Cidade de Almada. Podemos pôr em causa o seu sentido estético ou a sua beleza, muitas vezes era até apelidado de "Penico", mas a relação que a comunidade almadense estabeleceu, ao longo dos anos, com este objecto ornamental, foi de um grande carinho, que envolveu algumas gerações. Por estes motivos, faz parte do nosso património e da nossa identidade cultural.

Mas quem manda, pode !!!! e lá vai o Repuxo ser desmantelado... Sem ser ouvida a vontade da população! Não o vão esquecer os estudante, que o tornaram um lugar preferencial para as suas praxes, nem a "malta" , que nas suas brincadeiras nocturnas de Verão, terminava muitas vezes num banho na fonte, para aproveitar o fresco da água.

Ficará para sempre na memória de todos aqueles que foram crescendo e se tornaram adultos, compartilhando a presença diária do Repuxo que, com a sua presença, alegrava e marcava a praça Gil Vicente.

Em nome da modernidade e do progresso desaparece, assim, mais um símbolo da nossa identidade local. Custa perceber o que incomodava, e a quem, esta referência de Almada? E que razões objectivas existem para a sua destruição?
Sobre isto nada foi explicado à população. Esta decisão foi tomada, decerto, em função de questões técnicas e económicas, colocando a Memória, o Património e a vontade dos cidadãos, em último lugar.

Mas pronto a destruição começa já a partir de Sábado, 17 de Março de 2007.

Fica o registo fotográfico do Repuxo, para uma memória futura, que fará para sempre parte do imaginário das Gentes desta Cidade.

Texto: Henrique Mota.
Fotografia: Arquivos de «O Farol».

5 comentários:

Anónimo disse...

Só uma revolta popular poderá por termo aos abusos estalinistas em Almada.
Cada um de nós é culpado pelo q se está a passar em Almada, porque temos vergonha de falar ou então pq convem-nos o silêncio.

Anónimo disse...

Sinto que vou perder um pouco da minha identidade quando vir a fonte que me viu nascer e evoluir como pessoa.

Anónimo disse...

Há muitos, muitos anos, era eu membro da Assembleia de Freguesia de Cacilhas, fui o único participante no primeiro período de consulta pública sobre o projecto do MST. No documento que então elaborei e enviei às autoridades competentes alertava, também, para o atentado ao património e imaginário colectivo dos almadenses que consistia na destruição da Fonte Luminosa. Algum tempo depois, devido à intervenção do meu amigo Henrique Mota, foi aquele meu trabalho publicado na primeira página do "Jornal de Almada". Palavras leva-as o vento. Tirando a preocupação em boa hora demonstrada pelo Henrique Mota ninguém jamais me contactou para em conjunto fazermos a defesa da "nossa" Fonte Luminosa. Hoje já não resido nem trabalho em Cacilhas mas devo dizer que é com a mesma tristeza e amargura que vou assistir a mais este atentado e falta de respeito que os "eternos donos" da CMA demonstram pela população que uma e outra vez os elege. Vão-me desculpar o desabafo mas: quem boa cama faz, nela se deita! Pena tenho dos outros...

Anónimo disse...

hzwyvfgQurria deixar lavrado que foi perto do Repuxo, mais própriamente na Pastelaria Rupuxo que se formou a celebre tertúlia do repuxo, onde escritores almadenses como Henrique Mota,Frenando Barão, Victor Aparicio, Abrantes Raposo, Alvaro Costa,Artur Vaz,Henrique Mota Filho e outros que formaram a SCALA. Hoje passados treze anos somente restam algumas recordações que fazem a história desse lugar.

Joana Saramago disse...

Toda a minha vida foi passada em Almada até há 2 anos a ter trocado por Londres.
Vi aqui acontecerem coisas que nunca na vida pensei que fossem possíveis.
Coisas simples como cartas do Governo Local aos moradores da rua a pedir a opinião sobre as obras num determinado prédio que levariam a que durante x meses algum incómodo podesse ser notado.
Na rua há avisos a dizer "Informa-se aos moradores que a estrada vai ser alargada pelos motivos tal e tal, quem achar que é um incómodo ou discorda tem x dias para dizer porquê".
Aqui em Londres, que tem várias localidades com o dobro do tamanho de Almada, a palavra "democracia" faz bastante sentido. Até me dá vontade de ir votar.

Nunca em Almada, me foi perguntado fosse lá o que fosse sobre o futuro da minha cidade ou da minha rua.
Os esforços em vão para que a CMA mandasse rebocar 4 carros abandonados lá na rua, foram resolvidos numa tarde com um telefonema de um senhor amigo de um verador qualquer.
Sempre achei que a opinião das pessoas era considerada inutil ou inconveniente e por isso não valia a pena perguntar sequer.
Devo dizer que mais do que o facto de a Fonte Luminosa sair dali me incomoda mudarem o traçado da Praça da Renovação encostando a estátua lá a um cantinho ou arrancarem as árvores todas da Av. Bento Gonçalves (as árvores sempre foram um incómodo para a CMA).
Por outro lado fico contente de ver a chegar a chegar a Almada um meio de transporte novo e eficiente (esperemos).

Acho também que a CMA beneficiava com uma lufada de ar fresco lá dentro.


Vou pôr um link no meu blog para O Farol.

Um abraço,
Joana Saramago